2. A campanha eleitoral de 1984 (1ª Eleição de Maracanaú).
Marcada a 1ª eleição de Maracanaú por força da Lei Federal 7.206/82, para o dia 16 de dezembro, concorreram como candidatos a prefeito: Paulo Alexandre e Almir Dutra. Todos os oponentes de Almir Dutra presentes na fase de emancipação de Maracanaú, e ainda juntos hoje fizeram uma frente ampla a favor do candidato Paulo Alexandre, ficando Almir Dutra quase só. Vieram somar a favor de Paulo Alexandre o apoio do Governador Gonzaga Mota, do então prefeito de Maranguape Pedro Câmara, do ex-prefeito Antônio Gonçalves de grande influência em Maracanaú, e desta forma compuseram um esquema eleitoral, considerado imbatível, e até proclamavam uma vitória fácil, acima de 2.000 votos.
É bom destacar que ao longo destes anos todos, o grupo de Almir Dutra se reduziu com as adesões ao esquema, hoje unificado em torno da liderança monolítica de Júlio César. Porém, ainda, existe uma pequena chama acesa, capaz e suficiente de clarear os céus de Maracanaú, quando por porvir vier.
3. A PRESENÇA DO PROFESSOR MANOEL ALCIDES NA CAMPANHA DE 1984
A campanha eleitoral de Maracanaú já estava deflagrada, Almir Dutra, tinha nítida desvantagem em tudo: sem som, sem esquema montado, sem coordenação, sem recursos financeiros ( o mínimo necessário par se movimentar), até que enfim, trazido por um amigo comum, o Prof. Manoel Alcides é apresentado a Almir Dutra. Deste encontro nasceram logo, a amizade entre dois, e o convite para que o Prof. Manoel Alcides, assumisse a coordenação da campanha eleitoral.
O Prof. Manoel Alcides, sentiu em Almir Dutra, um profundo sentimento de amor a Maracanaú, e a vontade incomum de lutar e ser vencedor. Sentiu também a determinação e firmeza dos seus propósitos, que por certo eclodiram no seio da comunidade de Maracanaú, e assim, começou o seu trabalho, conquistando o apoio de saída, do então Dep. Nonato Prado, depois do Senador Virgílio Távora (temeroso de entrar na lide eleitoral, coo de fato deu apoio distanciado, pois, lhe doía perder o pleito para o então Governador Gonzaga Mota, que acabava de trair o seu esquema político, se bandeirando para o PMDB, e por isso estava muito magoado).
O som de Almir Dutra, era muito ruim, composto de um surrado microfone e uma corneta que mal se ouvia a 20 metros. O Prof. Manoel Alcides providenciou logo de trazer o som da campanha do prefeito de Sobral, Quinquão, a pedido do Sem. Virgílio Távora, alugou uma caminhoneta, também, possante, e com suas duas providências, o povo acordou e os comícios se tornaram numa festa popular a cada noite. Cresceu a campanha de Almir Dutra, Já era nítida a vontade popular ao lado de Almir Dutra e sua palavra era cáustica e vibrante, tomando o povo de entusiasmo.
A oposição sentindo o crescimento da campanha de Almir Dutra, fazia de tudo para arrefecer o entusiasmo do povo. Promoveu um monumental comício, 10 dias antes, do término da campanha, na Praça São Sebastião na Pajuçara, trazendo gente de todos os municípios circunvizinhos para impulsionar. Era massa humana de quase 20 mil pessoas, tomando todas as rus adjacentes da praça. Era de fazer tremer a base de apoio de Almir Dutra. O Prof. Manoel Alcides, ao ver aquele mar de gente, ficou quase desiludido. Começou o seu trabalho o meio daquela gente, perguntando de onde era e em quem votaria, recebendo ao final a convicção de que Almir Dutra já estava consagrado no coração do pov. E que o trecho de seu hino de campanha em resposta ao poderoso esquema “DEUS DARÁ UM JEITO”, parece que já estava dando a partir daquele momento, pois, a repercussão do comício no outro dia não foi a esperada. O Prof. Manoel Alcides foi estar com Almir Dutra, na sua casa, e lá o encontrou um tanto desalentado. Ao vê-lo naquele estado, se dirigiu para ele e disse: “levante-se para receber o meu abraço, você será o futuro prefeito de Maracanaú, o povo assim já quis”. Almir mudou o aspecto, riu e perguntou, por que Dr. Manoel, este seu entusiasmo? Porque venho de lá, fiz perguntas no meio da multidão, e a maioria absoluta, dizia que votava em você.
Respondeu Almir Dutra você, Dr. Manoel acaba de me dar um empurrão para a vitória, e quero lhe convidar para lutarmos até o fim, sem descanso. O pacto foi feito e cumprido. Todos, até os adversários, reconheceram o trabalho incansável do Prof. Manoel Alcides, sem desmerecer o apoio dos demais companheiros, notadamente, da Prof. Lêda Dutra, do Prof. Geovani, dos candidatos a vereadores Winston, Anastácio, Baiano, Chiquinho Cego, Maria Euci, todos os eleitos, e do vice José Raimundo, que teve destacada ação política.
Lutando em todas as frentes, o Prof. Manoel Alcides, não se esquecia das providências eleitorais. Assim requereu com preferência o local para realização do último comício, a praça Pe. José Holanda do Valle, causando a revolta dos opositores, que contando com o apoio do Governador e do Pedro Câmara, tudo fizeram para ter a praça como ponto final da campanha. O Prof. Manoel Alcides, numa atitude ousada e convicto do apoio popular, colocou todo aparato de som na praça, e ali se instalou uma guerra, de um lado o Prof. Manoel Alcides e do outro, Barros Pinho e o Olavo. Fogos insultos e o povão aplaudindo Almir Dutra. Sabedor que não venceria o esquema político, mandou preparar o campo do Boa Vista, enquanto ficava na resistência que perdurou até 16 horas, quando chegou Secretário de Segurança Pública a mando do Governador, ou saia, ou era preso. Saiu debaixo do aplauso do povo e este episódio inflamou o povo, que encheu o campo do Boa Vista, num comício jamais visto em Maracanaú, pela explosão de entusiasmo, fincava-se ali, a consagradora vitória de Almir Dutra. O povo gritava e cantava o hino a vitória.
Almir, Almir, Almir
Tu vences esse pleito
O povo ta querendo
É Deus que dá um jeito.
Oi! Almir, Almir, Almir
Tu tens bom coração
Eu voto com você
No dia da eleição
Só Deus poderia dar um jeito contra aquele poderoso esquema eleitoral. A partir do comício do campo do Boa Vista, cada eleitor era um soldado valioso, conduzindo no coração a vitória de Almir Dutra, nas urnas no dia 16 de dezembro que se aproximava.
Esse texto é parte da sinopse da história política de Maracanaú protocolado no TCM, ainda em rascunho, que enfeixará um livro (MANOEL ALCIDES) com demais peças, mas necessárias e suficientes para se situar nos fatos lá ocorridos de 1984 até o dia 27 de fevereiro de 87, quando covardemente assassinara Almir Dutra.
Transcrito conforme o original.