Eu vou começar este texto parodiando São Gregório de Nissa, no seu Sermão Contra os Usuários.
Talvez me ofereças homenagens. Mas, como poderia aceita-las, se das tuas negligências, das tuas convivências, muitos sofrem nos postos de saúde por falta de medicamentos, e outros no hospital Municipal de Maracanaú perdem a vida por falta de uma U.T.I? Não, eu não posso me gloria em receber tal paparico, sabendo eu, que teu óbulo vem dos acordos que tu fazes com o executivo, eu não posso concordar que tu se calas para os apadrinhamentos comissionados com altos salários, enquanto os professores numa luta justa não são atendidos em suas reivindicações . Eu te direi estas palavras corajosas: não venha me condiciona pelo meu ego, que cego poderia me levar e guiar-me pela vaidade. Não eu não aceito a tua homenagem, porque se assim eu fizesse teria traído aos meus irmãos maracanauenses que acreditam que esta cidade um dia será de todos, e não um lugar de asseclas apadrinhados com cargos comissionados que sustentam uma gestão corrupta, e que alguns para se elegerem utilizam a marcação de consultas e exames no SUS em detrimentos daqueles que sonhando com a democracia, esperam na fila a sua vez chegar!
Eu prefiro me guiar pela atitude de Dom Edmilson da Cruz, que em 2010 recusou-se a receber a Comenda dos Direitos Humanos Dom Helder na Câmara do Senado Federal, afirmando em seu discurso no plenário, que sua atitude tinha sido para protestar contra o aumento salarial de 61,8% aprovados pelos parlamentares em causa própria.
Assim se manifestou Dom Edmilson da Cruz: “A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Helder Câmara. Não representa. Desfigura-a, porém. Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la. Ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, à cidadã contribuinte para o bem de todos, com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho”, afirmou o bispo.
Ele destacou, que o aumento dado aos parlamentares deveria ter como base o reajuste que será concedido ao salário mínimo, de cerca de 6%. “O aumento a ser ajustado deveria guardar sempre a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e da aposentadoria. Isso não acontece. O que acontece, repito, é um atentado contra os direitos humanos do nosso povo”.
Ainda, mais próximo de nós no tempo, temos o exemplo da família do ex-presidente João Goulart, o único presidente do Brasil que morreu no exílio. Em postagem no Facebook, João Goulart Neto escreveu que, “não haverá comemoração alguma incentivada por um governo golpista. O governo do PMDB que tem a frente o golpista Michel Temer não representa a verdadeira democracia na qual Jango lutou, completou Goulart Neto.”
E finalizo com um dos pensamentos de Paulo Freire, “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática. ’