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domingo, 4 de março de 2018

DEMITRI TÚLIO: A CIDADE DOS BABAQUARAS




Qualquer semelhança do artigo abaixo do jornalista Demitri Túlio, publicado em 04 de março de 2018 no jornal o povo com o bocós de Maracanaú não é mera coincidência. Em nossa cidade não temos dunas, mas temos babaquaras de plantão mais preocupados com o próprio umbigo do que com a vida pública. Eles povoam as redes sociais, esses bocós sobrevivem sugando o sangue dos seus irmãos, se locupletam com a máquina pública através de arranjos obscuros, e estando bem para eles, o resto dos moradores de Maracanaú que se calem. Além do mais, o fato real narrado no artigo sobre o desaparecimento do frentista aconteceu em Maracanaú.


O ARTIGO ABAIXO É DE DEMITRI TÚLIO: A CIDADE DOS BABAQUARAS


Tenho dó de Fortaleza. Uma Cidade mais particular do que coletiva. Mais cheia de gente preocupada com o próprio umbigo do que a vida pública do lugar onde se foi parido. E aqui, tão bom de ir levando o tempo e nadar o mar. Mas cheio de marmotas indizíveis...

Não fosse assim, um bocó não teria a coragem de bodejar que destruir uma duna é besteira. Ou que os bichos adorariam a devastação porque se livrariam da areia quente. Uma piada tão imbecil quanto a potência do interesse avaro.

E não sei por que cargas d´água ainda me admiro dos babacas que só enxergam na Cidade a possibilidade de fazer dinheiro e enriquecer até não caber mais. Encher as burras e nunca projetar a possibilidade de paridade social, de uma ética ambiental e uma Cidade boa para todos.

Depois se apavoram com as facções sanguinárias no cangote e a necessidade, desesperada, de ter de transformar o lugar onde se mora num bunker. Câmeras, rastreadores, cães, milícia de rua trepada em motos, guarda-costa, capangas, matadores de plantão...

Vejam o caso do sequestro, tortura, morte e desaparecimento do frentista João Paulo. Em 2015, o trabalhador, de 20 anos, foi abduzido por policiais militares a mando, provável, do patrão – o dono de posto de gasolina onde João tinha acabado de se empregar. E foi gravado em vídeo o momento do sumiço.


Prova esquadrinhada ainda em interceptações telefônicas pedidas pelo promotor Marcus Renan. Em rastreamento da viatura; nos depoimentos desencontrados e no corpo de João Paulo que desapareceu. Foi visto pela última vez sendo colocado, vivinho da Silva, em uma radiopatrulha de Maracanaú. Veículo clandestino em Fortaleza.



É muito mané, junto, pensando apenas na própria existência. Sentimento nada coletivo, zero de amorosidade com a Cidade e com quem dela depende 50, 80, 90 anos. Já pararam pra pensar a espécie de empresário que temos? Não todos, bom ressaltar, mas um magote considerável.



Um cara, dono de não sei quantos postos de gasolina, desconfia do funcionário supostamente envolvido com assalto lá. E em vez de procurar policiais sérios (existem aos milhares), de ir ao Ministério Público, contrata PMs “dispostos” para dar a velha “prensa” no cabra.



Uns gritos, pontapés, telefones nas orelhas, saco d´água, uma “sugesta” de morte até o “pirangueiro” confessar que executou Jesus Cristo. Mas aí dá a merda e a vítima some. E pode lavar viatura, limpar as digitais, desligar o GPS, mas as câmeras registraram...


Não vejo muita diferença entre o “bem sucedido” patrão de João Paulo e quem diz que desaparecer com uma duna é uma bobagem. Na maioria das vezes, são os mesmos que doam milhões para campanhas políticas com interesse mesquinho; que subornam funcionários públicos; que dão um jeitinho para grilar áreas públicas... As intenções se encontram.


Um povo que não respeita vaga preferencial em locais públicos e privados. Que deixa o carrinho do supermercado no estacionamento. Que molha a mão do guarda. Que não respeita fila. Que não para antes da faixa de pedestre. Que faz da calçada um lixão. Que abandona gato e cachorro em parques e praças. Que abusa de meninos e meninas. Que destrói dunas e rios...



Fortaleza merece coisa melhor, merece multiplicar o povo que não vive de matar o direito e os sonhos alheios por causa de projetos suvinos. E esse povo existe.


FONTE: JORNAL O POVO

Parafraseando Demitri Túlio: Maracanaú merece coisa melhor, merece multiplicar o povo que não vive de matar o direito e os sonhos alheios por causa de projetos suvinos. E esse povo existe, ele rabalha duro não vive agarrado nas tetas do governo, esse povo sofre nas filas a espera de um exame médico,de uma consulta, o melhor deste povo,é que ele luta por direitos iguais.


E para finalizar:

DE QUE VALE CONSOLAR UM POBRE, SE TU FAZES OUTROS CEM?

Talvez dês esmolas. Mas, de onde as tiras, senão de tuas rapinas cruéis, do sofrimento, das lágrimas, dos suspiros? Se o pobre soubesse de onde vem o teu óbulo, ele o recusaria porque teria a impressão de morder a carne de seus irmãos e de sugar o sangue de seu próximo. Ele te diria estas palavras corajosas: não sacies a minha sede com as lágrimas de meus irmãos. Não dês ao pobre o pão endurecido com os soluços de meus companheiros de miséria. Devolve a teu semelhante aquilo que reclamaste e eu te serei muito grato. De que vale consolar um pobre, se tu fazes outros cem?

– São Gregório de Nissa em Sermão contra os usuários.









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