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domingo, 7 de maio de 2017

O MITO DA PRAÇA E AS LUZES PSICODÉLICAS DA FONTE





Imaginemos um povo que foi conduzido a uma praça com uma estátua enorme, uma fonte e um trenzinho de lata.

Imaginemos que nesta praça tenha guardas municipais, policiais militares, e quando o povo está lá, eles são hipnotizados e esquece das mazelas da cidade.

Imaginemos também, que bem em frente a esta praça exista um hospital com obras que se arrastam há anos, com pessoas que morrem á minguá, com crianças que são atendidas em bancos de madeiras e em cima de pias.

Imaginemos também que, neste hospital falte medicamentos.

Finalmente, imaginemos que da fonte da praça saiam luzes coloridas, e que estas luzes sejam hipnotizantes, e que tenha efeito de drogas psicodélicas, e que sejam capazes de provocar alucinações. Sendo assim, esse povo que foram conduzidos para praça não poderiam ver além das luzes da fonte, e a cidade se resumiria naquele espaço de fantasia. Entretanto, por estarem alucinados, eles acreditam que aquela é a única e verdadeira realidade, ali tem segurança da policia militar e da guarda municipal e tudo é limpo.

Suponhamos, agora, que uma daquelas pessoas que foram conduzidas para praça, e induzida a acreditar nesta fantasia, consiga com muita dificuldade se libertar dos efeitos das luzes alucinógenas emitida da fonte da praça. Ele sairia a percorrer a cidade e ao se deparar com os escombros de um estádio, ele lembraria que há mais de 12 anos aquela obra se arrasta, olhando para o lado ele se recordaria que no fórum corre um processo contra homens da prefeitura, acusados de surrupiarem R$ 47 milhões dos cofres da prefeitura. Este mesmo homem cambaleando entraria no Hospital Municipal de Maracanaú e viria o descaso com que seus irmãos são tratados. Andado mais um pouco ele chegaria a Pajuçara, e se depararia com o abandono do bairro e de seus jovens que perdem a vida diariamente na boca de um revólver, e que para essa juventude não existe políticas públicas. Ele compreenderia, então, que estas e somente estas coisas seriam a realidade e que as luzes da fonte da praça impede que seus companheiros vejam a realidade, e ele se entristeceria se seus companheiros da praça ficassem ainda em sua psicodélica ignorância acerca das causas últimas das coisas. Assim, ele, por amor, voltaria à praça a fim de libertar seus irmãos do julgo da ignorância e dos grilhões que os prendiam. Mas, quando volta, ele é recebido como um louco que não reconhece ou não mais se adapta à realidade que eles pensam ser a verdadeira: a realidade das luzes alucinógenas. E, então, eles o desprezariam....


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