Estamos no 35º dia da greve das professoras e professores de Maracanaú e no 7º dia de ocupação da Câmara de Vereadores, a Casa do Povo, que efetivamente não representa os interesses do povo de Maracanaú.
Nossa categoria ocupou essa instituição que por direito é pública, de forma ordeira e pacífica, como mais uma tentativa de abrir um canal de negociação com a prefeitura, informar e dar visibilidade ao nosso movimento de implementação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) para a população de nosso município e em geral. Uma luta de todas e todos os servidores da Educação que buscam melhores condições de trabalho e um atendimento de excelência das necessidades educacionais de nossos estudantes. Necessidades essas que são negligenciadas pelo poder público dessa cidade. Há um verdadeiro descaso com nossas crianças, nossas escolas e nossa categoria de profissionais concursados, qualificados e que trazem prêmios e realizam projetos em Maracanaú. Trabalhos de excelência e grande relevância social que visam um futuro de sucesso de nossos alunos, dando-lhes perspectivas de cidadãos do futuro e contribuindo a longo prazo para a melhoria de seus estudos, suas vidas e a renda de suas famílias. Infelizmente, muitas vezes, não reconhecidos nem valorizados.
Nossa rotina diária da ocupação inclui formação política, atividades culturais e artísticas envolvendo os educadores, alunos, pais de alunos, movimentos sociais da cidade, além de trazer à população informes sobre os direitos do cidadão na Câmara, a importância do voto e a realidade da educação de Maracanaú. Fizemos também aulões para o ENEM para os futuros estudantes universitários. Trouxemos apresentações culturais e divulgamos movimentos de jovens que lutam para sobreviver em meio à violência urbana, à marginalidade, à pobreza, ao preconceito e outras misérias que estão diariamente na vida do povo maracanauense.
Queremos informar a população de Maracanaú que nossa busca por direitos é legítima, nossa greve é perfeitamente legal e que temos o direito de reivindicar o que nos foi prometido pelo prefeito em acordo judicial, no Tribunal de Justiça, desde o ano de 2016. Nossas aulas serão recuperadas, mas mesmo com essa garantia, o prefeito Firmo Camurça cortou até 13 dias de nossos salários, diminuiu nossos vales transportes, o que em muitos casos, professores e suas famílias passarão por problemas financeiros sérios envolvendo o pagamento de contas, aluguéis, alimentação e muitas outras faturas. Desumanamente, o prefeito Firmo Camurça tirou o sustento de muitas famílias e isso é um massacre, um ato grave, irresponsável e cruel. Professores receberão salários desde R$ 2,57 a pouco mais de R$1.500,00 reais. Imaginem a aflição de uma pessoa que dedica sua vida pela educação dos filhos da classe trabalhadora, e na busca por melhorias do ensino, descobre que a maior parte de sua única renda foi retirada da conta, no início do mês, em retaliação a uma manifestação legal e pacífica?
A Prefeitura está contra nós, os vereadores estão a favor da Prefeitura e a justiça é muito rápida quando se trata de atender os interesses do prefeito. Infelizmente para julgar nossa “ilegalidade” e cortes nos nossos salários, acaba sendo lenta e injusta com toda uma categoria, pois continuamos resistindo fora das salas de aula e apelando por um acordo justo entre as partes, e os pais não têm como levar seus filhos para a escola, com graves efeitos para a população e principalmente, para nossos alunos. Perdão pelos transtornos.
Queremos voltar para nossas escolas, estamos dormindo no chão, em condições sub-humanas, alimentando-nos das doações dos colegas e da solidariedade das outras pessoas. Nosso Sindicato não tem mais estrutura financeira para ajudar e tem uma multa diária até que a justiça julgue nossa causa. Não comemos direito, não dormimos direito, temos pesadelos com receio da violência e da invasão a qualquer momento à Câmara para nossa desocupação. E acima de tudo isso, choro, desespero e muita sensação de injustiça por estarmos sem dinheiro nem para comprar o leite de nossos filhos, nossos remédios e pagar nossas contas. Estamos sendo humilhados e destratados. Infelizmente essa é a nossa realidade.
Hoje desligaram a energia e estamos no escuro e no calor. Muitos estão deprimidos e ficando a cada dia doentes, fisicamente e psicologicamente.
Queremos justiça. Queremos respeito. Queremos trabalhar. Queremos voltar às nossas escolas, ensinar às nossas crianças que podem e devem lutar por aquilo que acreditam. Isso é sonhar e acreditar no poder de mudar sua realidade. Queremos voltar à nossa casa, junto à nossa família e mostrar que somos verdadeiros exemplos de superação e força. Estamos ausentes e distantes. Mas precisamos de uma vitória. Essa luta também é deles e de todos que acreditam na justiça e em um mundo melhor.
Nossa força vem de nossa fé em nossos credos, da fortaleza, motivação e solidariedade de nossos companheiros guerreiros que acreditam que nossa batalha nas ruas, na Prefeitura, na Secretaria de Educação, na Câmara dos Vereadores não pode parar. Não podemos nos calar e permitir que nossas crianças e jovens tenham menos do que mereçam porque o ensino público é esquecido, assim como a saúde, a segurança e quase não há por parte dos políticos dessa cidade, investimento nos serviços para a população que precisa e os utiliza frequentemente.
Não vamos nos calar! Vamos resistir e lutar! Que nos tirem da Câmara, de forma violenta ou pacífica! Sairemos de cabeça erguida, orgulhosos de tudo ou o pouco que conquistamos!
Esperamos sua compreensão, seu apoio e o compartilhamento desse relato para que nossa voz não se cale. 2018 vem aí. Os maus políticos cairão. Saibam escolher bem seus governantes. Muitos deles não representam o povo.
Obrigada pela atenção.
Professores em ocupação na Câmara dos Vereadores.
07 de novembro de 2017.
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