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FAZENDA "NÃO ME DEIXES

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FAZENDA" NÃO ME DEIXES"


RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL – RPPN – NÃO ME DEIXES

PORTARIA Nº 37-N DE 16 DE ABRIL DE 1999, IBAMA.
PROPRIETÁRIA: MARIA LUIZA DE QUEIROZ SALEK


Não Me Deixes é uma fazenda localizada no distrito de Daniel de Queiroz,município de Quixadá, Ceará. Com uma área total de 928 ha, a fazenda está localizada a cerca de 30 km da sede do município.
A fazenda Não Me Deixes abriga uma reserva particular do patrimônio natural (RPPN) homônima de 300 ha de caatinga arbórea e arbustiva.


HISTÓRICO
Em 1870, o tio-avô de Rachel de Queiroz, o fazendeiro Arcelino de Queiroz, deu de herança a terra para um primo da escritora que preferiu vendê-la para se aventurar na extração da borracha, no Amazonas. Quando o tio soube, conseguiu recuperar a fazenda e devolveu para o herdeiro que voltou pobre e doente. Mas o fez prometer que não sairia mais do local e o batizaria de "Não Me Deixes". Quando o proprietário da fazenda morreu não tinha filhos e a terra voltou para as mãos do avô de Rachel que a deu de herança ao pai da escritora, Daniel de Queiroz Lima. . Por iniciativa desta, parte da fazenda foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural.



Rachel e o marido Oyama construíram a casa em 1955. Tijolos, portas e janelas, além dos móveis, foram feitos com materiais retirados da própria fazenda. O projeto da casa foi da própria escritora, e era caracterizado por elementos rústicos: cantareiras com potes de barro, o fogão era de lenha e mobília artesanal, desenhada pela proprietária. Ela recorda até que fez uma maquete da construção, com varas de mata-pasto, para mostrar como deveria ficar o telhado alto. A escritora passava meses a fio na fazenda, independentemente de ano seco ou chuvoso.



A RPPN, criada em 5 de novembro de 1998 através da portaria nº 148/98 do IBAMA,[2] compreende uma área de 300 ha de caatinga arbórea e arbustiva e uma parte para uso agrícola da "Fazenda Não Me Deixes". A área apresenta boas condições de conservação da vegetação, sendo usada como área de soltura de aves nativas apreendidas pelo IBAMA em feiras e comércio irregular.


FOTOS: ricarlosmelo@gmail



De acordo com o limite municipal do IBGE (2005), a RPPN Não Me Deixes está localizada no município de Quixadá, Estado do Ceará, que pertence a Macrorregião do Sertão Central Cearense, distante 135,24m da capital, entre as latitudes 04°46’38,29”S e 04°51’28,72”S e longitudes 38°56’32,0”O e 39°0’12,28”O (Datum SAD69).



LOCALIZAÇÃO:
Localizada na porção norte do Município de Quixadá, o acesso a RPPN Não Me Deixes, partindo de Fortaleza no quilômetro 01 da rodovia estadual 060, é realizado seguindo pela CE-060 por 132.18km até o entroncamento com uma estrada vicinal, nas proximidades da localidade de Daniel Queiroz, deste segue pela estrada vicinal por 3,06m até a sede da Fazenda Não Me Deixes, propriedade onde está localizada a RPPN de mesmo nome.




HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS DA RPPN
A Fazenda Não Me Deixes está localizada no distrito de Daniel de Queiroz no município de Quixadá, Estado do Ceará. Está distante, aproximadamente, 30 km da sede do município. Possui uma área total de 928 hectares. O velho Miguel Francisco de Queiroz, tio-avô de Daniel de Queiroz, pai de Rachel e Maria Luiza (atual proprietária da Fazenda) era homem de muitas posses e dono de quase todas as terras daquela região. A um dos sobrinhos ele deu um pedaço do Junco (a fazenda sede), a parte que ficava do outro lado da estrada de ferro que lhe cortava as terras. O sobrinho ficou lá algum tempo mas, seduzido pelas histórias da riqueza da borracha no Amazonas, vendeu a terra e foi-se para o Norte. Tempos depois, doente de malária, alquebrado e pobre, voltou ao sertão, E o tio lhe disse: “Olhe, comprei de volta a terra que você vendeu. Vá cuidar do que você abandonou, ponha na Fazenda o nome de “Não Me Deixes” e nunca mais saia de lá.” E assim foi. Quando esse sobrinho morreu, como não tinha filhos, qa fazenda tornou a fazer parte do Junco, já então com outro sobrinho, Daniel de Queiroz, de onde passou pro herança a Rachel de Queiroz, anos depois, por iniciativa da escritora, parte da fazenda foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN e, por sua morte, a Fazenda passou a ser da sua irmã, Maria Luiza de Queiroz. A atual proprietária informou que a reserva foi criada pela sua irmã no intuito de garantir a conservação da exuberante vegetação de Caatinga da propriedade, que garante um clima mais agradável mesmo nos períodos de estiagem, e também para preservar as várias espécies de animais que ali habitam. Sendo a criação da RPPN de caráter perpétuo, todos estes atributos naturais teriam sua existência Assegurados. A escritora Rachel de Queiroz e o seu esposo Oyama de Macedo construíram a casa, sede da Fazenda Não Me Deixes, em 1955. Tijolos, portas e janelas, além dos móveis, foram feitos com materiais retirados da própria fazenda. O projeto da casa (FIGURA 02) foi da própria escritora, e era caracterizado por elementos rústicos: cantareiras com potes de barro, o fogão era de lenha e mobília artesanal, desenhada pela proprietária. Ela recorda até que fez uma maquete da construção, com varas de mata-pasto, para mostrar como deveria ficar o telhado alto. A escritora passava vários meses na fazenda, independentemente de ano seco ou chuvoso. A RPPN Não Me Deixes foi criada pela Portaria do IBAMA Nº 37-N de 16 de abril de 1999, no intuito de conservar a biodiversidade da Caatinga e garantir a perpetuidade da preservação de uma era significativa da Fazenda Não Me Deixes. A RPPN Não Me Deixes 22 área apresenta boas condições de conservação da vegetação sendo usada como área de soltura de aves nativas apreendidos pelo IBAMA em feiras e comércio irregular. A RPPN, compreendida pela área da "Fazenda Não Me Deixes", tem trezentos hectares (300 ha) e protege uma área de Caatinga arbórea e arbustiva, sendo parte da fazenda destinada para uso agropecuário.




Hoje a Fazenda Não Me Deixes e a RPPN de mesmo nome é propriedade da irmã mais nova da escritora, a Sra. Maria Luiza de Queiroz Salek, que nasceu em 1926 quando a escritora já tinha 16 anos. Ela teve sempre a amizade de irmã e os cuidados de uma mãe da irmã mais velha. Estavam sempre juntas, inclusive na literatura. A Sra. Maria Luíza, Dona Izinha, como é conhecida na fazenda, compartilha
três livros com a irmã, Rachel.



CARACTERIZAÇÃO DA RPPN
A RPPN Não Me Deixes possui 300 hectares e encontra-se inserida na Fazenda Não Me Deixes a qual está localizada no município de Quixadá, Mesorregião dos Sertões Cearenses. É um remanescente ainda preservado do Bioma Caatinga. Bioma este que corresponde aproximadamente 11% do território brasileiro. A nomenclatura “Caatinga” é de origem indígena (Tupi-guarani) que significa “matabranca”, ou seja, termo que se refere ao período de estiagem desse Bioma em que as folhas caem e ficam a mostra os galhos da vegetação. A RPPN Não Me Deixes apresenta boas condições de conservação, e propicia um ambiente para refúgio de muitas espécies normalmente encontradas no Bioma Caatinga e pode ser considerada de relevante interesse sociocultural e
ambiental por conta das ações que serão desenvolvidas pelos seus proprietários e principalmente pelo grau de conservação da vegetação presente na Reserva.




CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES ABIÓTICOS:
A geodiversidade expressa as particularidades do meio físico, compreendendo as rochas, o relevo, o clima, os solos e as águas, subterrâneas e superficiais. Tais atributos resultam da atuação cumulativa de processos geológicos múltiplos e, por sua vez, condicionam a paisagem e propiciam a diversidade biológica e cultural nela desenvolvidas, em permanente interação ao longo da evolução do planeta. O conhecimento da geodiversidade é essencial à abordagem criteriosa de qualquer região. Por preceder a biodiversidade, ajuda a entender a dinâmica ambiental vigente. Além disso, o subsolo pode conter recursos minerais, hídricos e energéticos, cujo aproveitamento precisa ser devidamente equacionado, para não comprometer a própria biodiversidade e a qualidade de vida dos seus habitantes.





CLIMA:
Localizada na região do semiárido cearense, no município de Quixadá, a RPPN Não Me Deixes está inserida em uma região caracterizada por condições climáticas de exceção em relação aos climas zonais, peculiares à faixa de latitudes similares. Trata-se, por consequência, de um clima de posição azonal e de expressão regional, afetando um espaço geográfico global com 700.000 a 800.000 km² de área, denominado semiárido nordestino. (SOUZA, 2000). De acordo com IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará, a temperatura nesta região varia entre 26ºC e 28ºC, com pluviosidade anual de 838,1mm, concentrada principalmente entre os meses de fevereiro e abril, sendo o mês de abril o de maior incidência de chuvas. Essa intensificação das chuvas neste período é causada pela influência da ZCIT – Zona de Convergência Intertropical. De acordo com Ceará. (CEARÁ, 1992 apud NIMER, 1977), no setor setentrional da região Nordeste, a marcha estacional das chuvas, que representa o principal componente do quadro climático da região, é regido pelo comportamento da ZCIT, onde durante o período correspondente ao verão-outono o sistema de correntes perturbadas de oeste, com pancadas de chuvas ocasionais, asseguram, quase exclusivamente, as máximas pluviais (FIGURA 04). Já no inverno-primavera, com o aquecimento deste sistema, essa região fica sob o domínio dos ventos anticiclonais de NE e de alta subtropical do Atlântico Sul, ocorrendo então o período de estiagem.





GEOLOGIA
De acordo com o Atlas Geológico do Estado do Ceará (BRASIL. CPRM/CEARÁ, 2003), a litológica da região onde está localizada a RPPN Não Me Deixes apresenta três feições litológicas distintas, sendo uma sedimentar e duas ígneas: (MAPA 03) • NQc – Ambiente sedimentar – Coberturas sedimentares de espraiamento aluvial: Sedimentos argilo-arenosos e areno-argilosos, de tons alaranjado, avermelhado e amarelado; apresentam-se, em certos locais, cascalhosos e laterizados na base (geralmente, o cimento é argiloso e ferruginoso)/fluvial. • PPad - Unidade algodões: Paragnaisses diversos, em parte de protólito arcoseano, metabasaltos, anfibolitos, metaultramáficas e formações ferríferas, por vezes associados a sheets e diques de ortognaisses leucocráticos e mesotipos; adb – anfibiólitos e/ou anfibólio ganisses associados, em parte a gnaisses dioríticos e metaultramafitos. • PPcc - Unidade Canindé: constituída de Paragnaisses em níveis distintos de metamorfismo-migmatização, incluindo ortognaisses ácidos (p. ex: em cogn) e rochas metabásicas: cβ - metagabros, anfibolitos com ou sem granada, e gnaisses dioríticos, associados ou não a enderbitos; c1 -β (ccs), formaçoes ferriferas (cfe) e ferro-manganesíferas, além de metaultramáticas (c µ); cgnl - granulitos máficos, enderbitos e leptinitos; caf - anfibólito gnaisses e/ou anfibolitos; PP(NP)cc - tratos onde são comuns os jazidamentos estratóides e diquiformes de granitóides neoproterozóicos, cinzentos e rosados, gnaissificados ou não e, em parte, facoidais.




GEOMORFOLOGIA:
A RPPN Não Me Deixes geomorfologicamente está localizada no domínio das Depressões Sertanejas. Trata-se do domínio de maior abrangência espacial no estado do Ceará, sendo a maior parte da área composta de litologias datadas do pré-Cambriano. Tais formas de relevo exibem os reflexos de eventos tectônicos-estruturais remotos. Traduzem, igualmente, a relação da morfologia com os fatores litológicos e as evidências de flutuações climáticas Cenozóicas (SOUZA, 2000). Neste contexto, a RPPN Não Me Deixes apresenta um relevo plano com altimetria variando entre 200m e 220m de altitude. Sendo este relevo característico das depressões periféricas derivadas dos processos denudacionais. (MAPA 04). Dentre principais características desta unidade geomorfológica podem ser destacadas as seguintes: • Acentuadas variações litológicas; • Trucamento indiscriminado das litologias por processos de morfogênese mecânica; • Revestimento generalizado por caatingas que possuem pequena espessura do manto de alteração das rochas; • Ocorrência frequente de pavimentos e paleopavimentos; • Deficiente capacidade de erosão linear em face da intermitência sazonal dos cursos d’água, justificando a pequena amplitude altimétrica entre os interflúvios e os fundos de vales; Desenvolvimento de áreas de acumulação inundáveis a jusante das rampas sedimentadas.




SOLOS:
De acordo com Zoneamento Agrícola do Estado do Ceará do ano de 1988, na porção norte da RPPN Não Me Deixes prevalece o solo Podizólico Vermelho Amarelo Eutrófico; na região central predomina o Solo Bruno Não Cálcico; e na poção sul o Regossolo Eutrófico. Segundo a FUNCEME – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos do Ceará, os podzólicos vermelho-amarelo eutróficos compreendem solos com horizonte B textural, não hidromórficos e com argila de atividade baixa. São, por conseguinte, solos de média a alta fertilidade natural. Apresentam sequência de horizontes A, Bt e C, com profundidade do A + Bt2, na maioria dos perfis, superior a 150cm, exceto nos solos rasos. No tocante ao solo bruno não cálcico, a FUNCEME define como solos com horizonte B textural, não hidromórficos e com argila de atividade alta. São de alta fertilidade natural, com alta saturação e soma de bases, reação moderadamente ácida a, praticamente, neutra, ou mesmo moderadamente alcalina, bem como conteúdo mineralógico que encerra quantidade significativa de minerais primários facilmente decomponíveis, os quais constituem fontes de nutrientes para as plantas. Já os regossolos possuem como principal característica solos profundos e arenosos com presença considerável de minerais primários de fácil intemperização. De acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, (EMBRAPA, 2006), os solos podzólico vermelho-amarelo eutrófico e bruno não cálcico pertencem à ordem dos Luvissolos, subordem Crônico e os regossolos a ordem dos Neossolos, subordem Regolítico.



HIDROGRAFIA:
Os sistemas hidrográficos na região onde está localizada a RPPN Não Me Deixes, é caracterizado por uma drenagem exorréica dotada de rios intermitentes sazonais.

No tocante às águas subterrâneas, devido às características de impermeabilidade das rochas cristalinas, ocorre um favorecendo do escoamento superficial, ficando as águas subterrâneas restritas à ocorrência de áreas diaclasadas ou fraturadas.

É notório nesta região o caráter temporário da drenagem, com tendência natural para o regime de rios efêmeros ou esporádicos, alimentados por chuvas torrenciais ocorridas no período chuvoso.

Na porção norte da RPPN Não Me Deixes a água que escoa da chuva neste período, formam lagoas naturais responsáveis por alimentar o Riacho da Pedra, na Sub-bacia do Choró (Bacia Metropolitana) e a Lagoa do Seixo, onde nasce o Riacho Mororó, um dos principais afluentes do Rio Sitiá que a montante é barrado formando o Açude Pedra Branca.

Já na porção sul da RPPN, devido às características do solo, as chuvas tendem a infiltrar e formar nascentes intermitentes que formam pequenos riachos que alimentam o Riacho dos Caboclos, que assim como o Riacho Mororó, é um dos principais afluentes do Rio Sitiá que a montante é barrado formando o Açude Pedra Branca.





VEGETAÇÃO:
Para levantamento da flora foi realizada uma viagem de campo nos dias 05, 06 e 07 de novembro. Durante a estadia na reserva foram realizadas trilhas, sem sistematização prévia, abrangendo o máximo possível da RPPN, acompanhadas por um mateiro, o Sr. Evandro, que informou os nomes populares das espécies observadas. Sempre que possível, as plantas foram fotografadas e tiveram ramos reprodutivos coletados (inflorescências, flores e/ou frutos). As amostras foram posteriormente prensadas para montagem de exsicatas com o objetivo de obter-se material de comparação para facilitar a identificação das espécies. Os principais materiais utilizados foram: GPS, máquina fotográfica, tesoura de poda, podão, fita métrica, prensa para material botânico, sacos plásticos, cordões para delimitação das parcelas, cadernos de campo para registro das informações e vara de medição para obter a altura das árvores.

A amostragem fitossociológica e de fisionomias da vegetação foi realizada no mesmo período do levantamento florístico. Houve uma pré-seleção das áreas de sorteio das parcelas, através de imagens de satélite, de modo que houvesse uma representatividade da vegetação da RPPN, evitando, dessa maneira, que fossem inclusas áreas de corpos hídricos ou rochosas. Posteriormente, foram sorteadas aleatoriamente, montadas, com o auxílio de barbante, e analisadas parcelas de 10 x 10 metros, na área da RPPN, dentro das quais foram registrados valores de diâmetro e altura de todas as árvores e arbustos que se adequassem ao critério de inclusão.

Nesse estudo foram incluídos indivíduos com perímetro maior que 9 centímetros e altura maior que 1 metro. A medida foi realizada na altura do solo uma vez que a RPPN encontra-se em área de caatinga, comumente caracterizada por árvores de pequeno porte e grande quantidade de arbustos. Nesse contexto, a medida na altura do peito não seria adequada, pois a 1,30 do solo muitas das plantas encontradas poderiam ter ramificações. O critério de medir apenas as maiores de um metro, evita a medida de cactos globosos e bromeliáceas (MORO; MARTINS, 2011). Todas as parcelas foram georreferenciadas para posterior zoneamento. O perímetro de cada indivíduo foi medido com o auxílio de uma fita métrica e a altura estimada por comparação com uma vara de alumínio composta por peças, de tamanhos conhecidos, que se encaixam permitindo a regulação da altura e a comparação com esta característica das árvores. Cada ramo ao nível do solo é considerado um indivíduo, entretanto, no presente levantamento quando observada uma rebrota partindo de um mesmo indivíduo, mas que ao nível do solo já RPPN Não Me Deixes 37 apresentava ramificação impedindo, desta maneira, a medição foram somados os perímetros dos ramos e considerado apenas um indivíduo. Tal procedimento é comum em levantamentos fitossociológicos e busca reduzir os erros de contabilizar um mesmo indivíduo duas vezes ou indivíduos diferentes da mesma espécie como um só (MORO, MARTINS, 2011).

Entre os parâmetros analisados a partir dos dados fitossociológicos obtidos temos: número de indivíduos amostrados, densidades absoluta e relativa, frequências absoluta e relativa, dominâncias (área basal) absoluta e relativa. Esses valores auxiliaram na aquisição de informações tais como predominância de indivíduos, espécies mais comuns, espécies raras e estrutura sucessional da comunidade. Os parâmetros foram calculados utilizando-se o Microsoft Excel. Para construção da lista de espécies invasoras foram consultados, entre outros, a base de dados presente no site do Instituto Hórus (www.institutohorus.com.br) e o checklist de plantas da caatinga. Para verificação da presença de espécies ameaçadas de extinção foi consultada a “Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção”, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente, disponível no site do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br), foram descritas as principais fitofisionomias presentes na RPPN e feitas sugestões para o plano de manejo.



FLORA E FITOFISIONOMIAS:
Começamos a descrição da flora mostrando algumas espécies exóticas, invasoras ou ruderias que ocorrem na área de estudo. Na FIGURA 05 observamos uma espécie invasora que vem atualmente se difundindo bastante em áreas de caatinga, seu nome é Viúva-alegre (Cryptostegia grandiflora). No centro da FIGURA 05 pode ser observado um fruto aberto já sem suas sementes dispersas pelo vento. Com toda a sua superfície composta por tricomas urticantes, capazes de provocar queimaduras ou irritações na pela, podemos observar na FIGURA 06 o Cansanção (Cnidoscolus urens), uma espécie arbustiva que ocorre em vários ecossistemas brasileiros, muitas vezes ocorrendo naturalmente até mesmo em áreas urbanas antropizadas. Na sequência temos duas espécies bastante ruderais e também comumente encontradas em áreas antropizadas e até mesmo em terrenos urbanos abandonados, o Velame (Croton heliotropiifolius) e uma espécie herbácea de nome popular desconhecido (Sida ciliaris).



NINHO DO QUERO QUERO



CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE:
A Fazenda Não Me Deixes (FIGURA 74), representa um remanescente ainda preservado do Bioma Caatinga, tendo em vista que a propriedade de 928 ha (novecentos e vinte oito hectares), é recoberta parcialmente por uma Unidade de Conservação, a RPPN Não Me Deixes, criada pela Portaria do IBAMA Nº 37-N de 16 de abril de 1999, que possui 300 ha (trezentos hectares) em boas condições de conservação, o que sugere ser um ambiente propício para refúgio de muitas espécies normalmente encontradas no Bioma Caatinga.

RPPN Não Me Deixes 80 A RPPN Não Me Deixes não contempla visitas com fins turísticos e educacionais no seu interior, apenas no interior da Fazenda Não Me Deixes, onde podem ser contemplados os limites da RPPN. Por ser a mais conhecida RPPN do Estado do Ceará, conhecimento este que se deu por conta do histórico da Fazenda Não Me Deixes e da popularidade de sua antiga proprietária, a escritora Raquel de Queiroz, a Fazenda possui uma boa frequência visitantes que têm conhecimento do perfil conservacionista da família criadora e mantenedora da Reserva que é uma joia do Bioma Caatinga presente nesta propriedade e apenas pode ser contemplada pelos visitantes, não sendo permitida a entrada destes na sua área.

Na Fazenda Não Me Deixes existem 11 casas de alvenaria construídas, sendo nove destas destinadas para abrigar os trabalhadores da fazenda. No período em que foram realizados os levantamentos de campo, havia oito famílias residindo no local e uma das casas encontrava-se desocupada. Estas famílias são responsáveis pela manutenção das atividades realizadas na fazenda (trabalhos domésticos na casa sede, vigilância, agricultura, pecuária, manutenção das estradas, cercas e outras infraestruturas).

Estas casas possuem fossas sépticas, energia elétrica e em sua maioria, utilizam como matriz energética para o preparo da alimentação a lenha, coletada na fazenda, e o gás butano.

Na parte produtiva da Fazenda Não Me Deixes são comuns as práticas agropastoris em que podemos citar a criação de gado para a produção de leite e a agricultura de sequeiro realizada pelos moradores da fazenda. A fazenda possui um curral, onde são colocados os bovinos (57 animais), os quais são criados para a produção de leite e derivados, contudo, na maior pare do tempo estes animais permanecem soltos no interior da fazenda. São criados ainda aproximadamente 45 caprinos e quatro equinos e dois gados muar (burros).

A área da fazenda e cortada por uma estrada que liga a localidade denominada Fazenda Junco, localizada no distrito de Daniel da Queiroz, à localidade denominada Primavera a qual faz contato com o limite da Fazenda Não Me Deixes.

Por encontrar-se em uma área distante da sede municipal, a Fazenda Não Me Deixes, assim como a RPPN, não possui coleta de lixo realizada rotineiramente pela prefeitura municipal. O lixo produzido na área da Fazenda é coletado pelos moradores e em seguida enterrado ou queimado em áreas desabitadas e longe da RPPN. Vale salientar que o lixo produzido é oriundo das famílias que moram na fazenda, não havendo produção de lixo nas áreas situadas no interior da RPPN. Este fato vai de encontro aos objetivos da RPPN, pois esta prática além de contribuir para a RPPN Não Me Deixes 81 contaminação do solo e poluição do ar pode ser o estopim para um incêndio na área da Reserva.





FONTE:http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/rppn_nao_me_deixes_pm.pdf FOTOS: do BLOG DO MELO by ricarlosmelo@gmail.com

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